Tendinopatia dos Adutores em Atletas
Causas, Sintomas, Tratamentos Eficazes e Prevenção
- Fisioterapia no Desporto

A tendinopatia adutora descreve um complexo de condições que se desenvolvem dentro e ao redor do tendão em resposta ao sobreuso crónico destes músculos, resultando em alterações na estrutura do tendão. Os adutores consistem em 5 músculos localizados na região interna da coxa. Estes músculos têm como principais funções estabilizar a anca e trazer as pernas em direção à linha média – movimento de adução. Os adutores são recrutados em diversos desportos como atletismo, futebol, hóquei, equitação, rugby, ginástica, natação, entre outros. Os movimentos repetitivos que estes desportos exigem como a corrida, acelerações, desacelerações, mudanças de direção, e alongamentos excessivos, torna estes atletas predispostos ao desenvolvimento de uma tendinopatia dos adutores. Causas/Fatores de risco O desenvolvimento de uma tendinopatia é multifatorial. Alguns dos principais fatores são: - Falta de flexibilidade muscular; • Desequilíbrios de força (grandes discrepâncias entre força de abdutores e adutores); • Falta de força global dos membros inferiores; • Lesões anteriores na virilha; • Dor na época anterior. Outros fatores podem ainda ser: • Não realizar aquecimento antes da atividade física/desportiva; • Elevada carga de treino após término da época; • Fadiga muscular por sobreuso; • Obesidade; • Processo degenerativo relativo à idade; • Genética. Sintomas Esta condição, por norma, leva a dor à palpação nas regiões da virilha e interna da coxa, adução das pernas ou perna afetada (movimento de fechar as pernas), rigidez muscular nessa mesma área, incapacidade de contrair ou alongar os músculos adutores. Pode ainda sentir sensibilidade aumentada na zona, edema e sensação de calor e/ou rubor.

Tratamentos eficazes Para que haja uma reabilitação correta é importante ter em conta a fase em que se encontra a tendinopatia. A evidência mais recente sugere que uma tendinopatia pode ter 3 fases sendo elas: 1 – Tendinopatia Reativa – Fase inicial com sintomas ligeiros e prognóstico excelente; 2 – Disfunção do tendão – A taxa de lesão torna-se superior à de reparação do tendão, mas ainda com bom prognóstico; 3 – Tendinopatia Degenerativa – Início de morte celular, pior prognóstico. Posteriormente à fase 3 ainda pode ocorrer rutura do tendão, havendo mesmo perda de função muscular e, dependendo da extensão da rutura, a cirurgia pode ser uma opção. Um tratamento ativo e com base no exercício é indicado para maximizar a reabilitação. Não existe, no entanto, um método único para a reabilitação, podendo haver variações na carga, repetições, séries, dependo da fase em que a tendinopatia se encontra. Fase reativa Os objetivos primários nesta fase são a proteção da estrutura lesionada, controlo da dor, redução da inflamação, normalização da flexibilidade muscular e diminuir a perda de força muscular. Neste estado inicial/agudo, a massagem é uma boa opção para ajudar na redução da inflamação. Também a realização de exercícios isométricos (manter o movimento) e a gestão de carga no treino (desporto específico) são excelentes opções de intervenção. Alguns exemplos de exercícios desta fase: • Adductor Rockbacks; • Frog Dinamic Stretch; • Side Lying Adduction (Isométrico); • Addutor Ball Squeeze (Isométrico); • Glute Bridge With Adductor Squeeze. Fase de condicionamento Nesta fase, é iniciado um aumento de carga gradual e progressiva, com realização de exercícios excêntricos e concêntricos. Os sintomas são um guia para a progressão no tratamento. Alguns exemplos de exercícios desta fase: • Lateral Goblet Squat; • Single Leg Hip Thrust; • Short Lever Copenhagen (isométrico); • Standing Excentric Banded Hip Adduction. Return to sport Esta será a última fase da reabilitação, onde irá aumentar a exigências dos exercícios a realizar, e com foco em exercícios dinâmicos que recrutem os músculos adutores e que repliquem padrões de movimento do desporto do atleta em questão. Os principais objetivos nesta fase serão restabelecer a força e resistência, controlo neuromuscular, equilíbrio e coordenação nos movimentos específicos do desporto. Alguns exemplos de exercícios desta fase: • Copenhagen Long Lever; • Skaters; • Side To Side Hops. Prevenção Está comprovado que o condicionamento e fortalecimento muscular na pré-época em atletas contribui para a redução de lesões nos adutores durante a época seguinte, tendo estes o objetivo de reduzir desequilíbrios musculares e otimizar o recrutamento muscular, diminuindo a fadiga. Existir uma gestão de carga após o término da época, na pré-época e durante a época é também essencial para reduzir o risco de lesão. De acordo com a literatura mais recente, o exercício “Copenhagen” é o mais eficiente na prevenção de lesões nos adutores em atletas. Concluindo, e de acordo com a evidência mais recente, a realização de exercícios de fortalecimento para prevenção e uma abordagem multimodal da terapia manual com o exercício é o tratamento conservador mais eficaz para a tendinopatia dos adutores.